Distribuição de alimentos em Rafah está suspensa. ONU fala em insegurança

por Carla Quirino - RTP
Rafah Hatem Khaled - Reuters

A agência da ONU para refugiados palestinianos alertou que a distribuição de alimentos na cidade de Rafah, no sul de Gaza, está suspensa devido a hostilidades, insegurança e escassez de bens alimentares. A situação humanitária no território piorou desde que Israel tomou e fechou o lado palestiniano da passagem terrestre com o Egito, no início do mês.

Desde 6 de maio, quando Israel começou a nova operação militar a leste de Rafah, o centro de distribuição e um armazém do Programa Alimentar Mundial passaram a estar inacessíveis, alertou a agência da ONU para refugiados palestinianos, UNRWA.

Em comunicado emitido na terça-feira, a organização humanitária afirma ainda que apenas sete de seus 24 centros de saúde estavam operacionais e que não recebeu nenhum reabastecimento de medicamentos, nos últimos dez dias, devido a “fechos e interrupções” na fronteira de Rafah e no Karem Abu Salem – conhecido em Israel como Kerem Shalom – em Gaza.
Estima-se que 810 mil dos mais de um milhão de pessoas que se refugiaram em Rafah tenham fugido. Os que ficam, desesperam por comida. Testemunhos dizem que "nas últimas duas semanas nada entrou na Faixa de Gaza".

No sábado passado, a escassez de alimentos desencadeou um saque a vários camiões do PAM que transportavam ajuda, perto de um armazém na cidade central de Deir al-Balah, o que levou a agência a suspender as entregas.


Edem Wosornu, diretora da OCHA, a Agência das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, explicou ao Conselho de Segurança da ONU, na segunda-feira, que não havia bens alimentares e combustível suficientes para fornecer qualquer nível significativo de apoio à população de Gaza.

“Estamos a ficar sem palavras para descrever o que está a acontecer em Gaza. Nós descrevemos a situação como uma catástrofe, um pesadelo, como o inferno na terra. É tudo isso e pior”, acentuou Wosornu.

Citada na Al Jazeera, a diretora da OCHA acrescentou ainda que, com a interrupção da passagem entre de Rafah do Egito, a entrega de pelo menos 82 mil toneladas de ajuda foi limitada devido a “hostilidades, condições logísticas desafiadoras e procedimentos complexos de coordenação”.

O PAM fez saber que a ONU está a estudar novas rotas e formas de distribuição de alimentos para evitar grandes concentrações de pessoas.

Na terça-feira, também Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da Organização Mundial da Saúde, instou Israel a suspender as restrições à ajuda em Gaza.

“Num momento em que o povo de Gaza está a enfrentar a fome, pedimos a Israel que levante o bloqueio e deixe a ajuda passar. Sem mais ajuda para Gaza, não podemos sustentar o nosso apoio vital aos hospitais”, declarou Tedros aos jornalistas, em Genebra.
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